Estimativas indicam 177 mil novos casos apenas em 2020, sendo o tipo de câncer mais frequente no Brasil

Vivemos em um país tropical. Isso significa que ao longo do ano, a incidência de sol e calor é frequente. Em algumas regiões, o que distingue as estações é apenas a presença ou a escassez da chuva, pois os dias seguem iluminados.

Apesar de todos os benefícios que o sol traz, ele também é o principal causador de câncer de pele, o tipo de tumor mais comum no Brasil, correspondendo a 30% dos diagnósticos de câncer no país. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam que apenas em 2020 serão 177 mil novos casos da doença do tipo não melamona e 8.450 do tipo melanoma, o mais agressivo e potencialmente fatal.

Dra. Maria Paula Del Nero, dermatologista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), explica que os raios ultravioletas presentes na radiação solar, nas câmaras de bronzeamento artificial e lâmpadas solares, danificam o DNA das células da pele, originando os melanomas.

“O melanoma no tronco (peito e costas) e nas pernas tem sido associado a queimaduras frequentes, especialmente na infância. Isso também pode estar relacionado com o fato de que essas áreas não estão constantemente expostas à luz ultravioleta”, conta a dermatologista, que explica que alguns especialistas acreditam que os melanomas que começam nessas áreas são diferentes dos da face, pescoço e braços, onde a exposição ao sol é mais constante. “E diferentes de qualquer um desses são os melanomas que se originam nas palmas das mãos, plantas dos pés, sob as unhas, ou em superfícies internas, como a mucosa da boca e da vagina, onde há pouca ou nenhuma exposição ao sol.”

O câncer de pele pode ser dividido em três categorias: carcinoma basocelular; carcinoma espinocelular e melanoma. Segundo a Dra. Tatiana Moura, cirurgiã plástica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), os carcinomas estão diretamente relacionados à exposição solar ao longo da vida. “Os melanomas são mais raros, porém bem mais agressivos”, alerta.

Diante de uma lesão de pele que não cicatriza, uma pinta nova ou que mudou de comportamento, o indicado é procurar o médico dermatologista para avaliar o ABCDE:

·         A: assimetria

“Uma característica que deve ser observada é se o sinal ou a pinta são assimétricos. Se imaginar que, dividindo ao meio, as partes não ficam muito parecidas, é importante considerar a visita ao médico”, ensina Dra. Maria Paula.

·         B: bordas da lesão

Outro sinal de alerta, segundo a dermatologista, é quando a borda das marcas é assimétrica, pois é outro indício para procurar um especialista.

·         C: cor

Se a cor da pinta ou lesão não for uniforme e tiver mais de um tom, pode indicar um problema mais sério.

·         D: dimensão

“O tamanho de cada sinal ou pinta é muito relevante para considerar a possibilidade de detecção da doença. Se a marca tem um diâmetro maior do que 6 mm, é importante buscar uma avaliação mais precisa”, diz Dra. Maria Paula.

·         E: evolução

Com o decorrer do tempo, é possível perceber se o sinal na pele está crescendo ou mudando de cor. Caso a pessoa repare que há evolução, é bom se atentar, pois pode ser mais um alerta da doença.

O tratamento pode envolver remoção cirúrgica, medicamento e até quimioterapia. Dependendo do tamanho e do local da lesão, o cirurgião plástico precisa ser envolvido, segundo a Dra. Tatiana. “Podemos usar tanto enxerto de pele, quanto retalhos locais ou à distância, que são porções de tecidos que possuem vascularização própria e não dependem da vascularização do leito, como os enxertos.”

A prevenção ainda é simples e o melhor caminho: utilizar filtro solar diariamente e avaliar as pintas anualmente com o dermatologista. Em especial, pessoas do grupo de risco, que são aquelas com pele mais clara, imunossuprimidos ou com histórico familiar de melanoma.